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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Poder de encantar o aluno - Renan Bini


 Para a filósofa e professora Janelucy Penharvel, a educação de qualidade está ligada no interesse profissional.



A aprendizagem ocorre através das atividades aplicadas pelo professor aos alunos, que pelo estudo das matérias e orientações dos professores, desenvolvem progressivamente suas capacidades mentais. A eficácia desse processo depende do trabalho do professor, que a partir de seu objetivo (compartilhar um determinado conhecimento) traçará estratégias apropriadas para tornar mais agradável o processo educacional.

Luckesi, ao discutir a respeito dos procedimentos do ensino no cotidiano escolar argumenta:


Será que nós professores ao estabelecermos nosso plano de ensino, ou quando vamos decidir o que fazer na aula, nos perguntamos se as técnicas de ensino que utilizamos tem articulação coerente com nossa proposta pedagógica? Ou será que escolhemos os procedimentos de ensino por sua modernidade, ou por sua facilidade, ou pelo fato de dar menos quantidade de trabalho ao professor? Ou pior ainda, será que escolhemos os procedimentos de ensino sem nenhum critério especifico?



            Esse questionamento nos leva a uma reflexão sobre a metodologia de ensino dos atuais profissionais da educação. Será que todas as técnicas e métodos possíveis para facilitar a aprendizagem e a melhor compreensão estão sendo aplicados aos alunos? Ou a maioria dos professores preparam suas aulas de uma maneira mais fácil, não se importando com a construção do conhecimento ao ser transmitido e a aprendizagem?

Para a filósofa e professora Janelucy Penharvel, não é possível generalizar esta resposta, já que existem diversos perfis de professores. “Eu trabalho em algumas instituições de ensino, e conheço professores que ‘empurram com a barriga’, que estão pouco preocupados com esse compromisso de aprendizagem; outros professores se preocupam muito, mas ‘não saem do lugar’; e há aqueles que estão o tempo todo buscando aulas diferentes, e esse diferente não está necessariamente ligado a técnologia” – afirma.

A professora de língua Portuguesa Meyre Andrade, argumenta que infelizmente a maioria dos professores, por falta de tempo, obriga-se a estabelecer seu plano de ensino a partir do que é mais fácil. “Os professores hoje dão muitas aulas, se sentem sobrecarregados e cansados. Acredito que poucos articulam as técnicas com as práticas, por causa da tradição. Durante muito tempo o método de ensino foi o mesmo. Agora há uma proposta de articulação, porém há também uma resistência, é preciso à mudança pelo fato de que os alunos não são os mesmos de anos atrás e os professores também não” – afirma.

O questionamento vai além: Qual é o melhor método a ser utilizado? Como saber qual técnica utilizar? Porem para isso o professor deve saber qual conteúdo trabalhar, possuir um planejamento, plano de ação, para analisar quais objetivos quer alcançar e principalmente conhecer seus alunos para saber qual técnica, método utilizar. Dificilmente o professor irá prever o que acontecerá na sala de aula. Por isso, a importância do planejamento, do domínio de técnicas diversificadas, aulas mais flexíveis, interessantes e motivadoras.

            Destaca-se então duas questões, a autonomia docente e o propósito do ensino com o comprometimento da aprendizagem com a aquisição do conhecimento, não podendo esquecer que para a aplicação do método, existe algumas influências como os fatores do contexto socioeconômico, históricos e culturais.



O aluno sujeito de seu conhecimento

            A Engenheira de produção e Mestre Tatiane Librelato discorre em seu blog, algumas teorias de aprendizagem, como o construtivismo, apontam para a “capacidade de reação construtiva do ser humano”. Seguindo esta linha de pensamento, a aprendizagem ocorre através da interação, ocorrendo a partir das ações físicas e subjetivas.

Assim, o papel do professor é mediar e não ensinar, utilizando de várias estratégias auxiliando o estudante a aprender. O aluno, por sua vez, é o responsável pela construção do seu conhecimento que será construído de acordo com seu esforço pessoal. “Requer-se um professor que aceite deixar de ocupar o centro do cenário de ensino e reconheça os estudantes como parceiros do processo de ensino. Que não se veja como especialista, mas como mediador do processo de aprendizagem. Que tenha a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e a aprendizagem e não uma ponte estática, mas uma ponte ‘rolante’, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos” – afirma Tatiane.

Para a professora Janelucy, o papel do professor hoje é complicado, já que a educação formal como conhecemos, estabeleceu uma relação de poder ao longo da história da humanidade, mas acredita que o “sociointeracionismo” é a melhor forma de aprendizagem. “O construtivismo propõe que o aluno seja mais sujeito, quem traz essa ideia sociointeracionista de mediação é Vygotsky, para ele o professor é só um mediador, o professor faz parte do processo de aprendizagem, mas o sujeito é o aluno, o papel do professor será fornecer meios para que o aluno construa o seu conhecimento” – afirma.

Assim, neste contexto, técnicas mais interativas e atrativas de “compartilhar” o conhecimento com os alunos, são de extrema importância e mais eficazes que os meios tradicionais de ensino, em que o professor é detentor do saber e o aluno um mero espectador do assunto, já que para que a aprendizagem ocorra, também são necessárias as relações sociais, intrapessoais e interpessoais.

De acordo com Dra. em Linguagem metafórica na educação Dieysa Kanyela Fossile, para que haja maior interação e que o aluno participe sistematicamente dessa troca de conhecimentos, o professor deve “provocar” os alunos apresentando contradição entre ideias e experiências, estimulando a participação dos mesmos, para que eles possam posicionar-se e tirar conclusões sobre o fato ou objeto de estudo.

Torna-se papel do educador, criar condições nas quais seus alunos possam desenvolver seus próprios métodos de assimilação do conteúdo. Este deve criar situações didáticas, objetivando a exercitação e a fixação conteúdo transmitido, através de exercícios, provas, dentre outros.



As múltiplas estratégias de ensino-aprendizagem



Segundo Tatiane, a existência de diversas estratégias que podem ser utilizadas no processo de ensino-aprendizagem como o uso de recursos tecnológicos, trabalhos em equipe, uso de diferentes gêneros linguísticos, exercícios, seminários, simulações, palestras, oficinas, dinâmicas, jogos, dentre outros, favorecem a prática educativa. Porém, antes o professor, deve lembrar que, além das restrições da escola e das características dos alunos, é fundamental que se escolha as estratégias pensando em atingir as competências exigidas no PPP. “As estratégias apresentadas não são absolutas, nem imutáveis, constituindo-se em ferramentas que podem ser adaptadas, modificadas, ou combinadas pelo docente, conforme julgar conveniente ou necessário” – relata.

Para facilitar a aprendizagem, o professor deve sistematizar vínculos entre os conteúdos apresentados às experiências e os problemas que possam surgir no cotidiano, além disso deve mostrar a estes, como os conhecimentos atuais resultam do empirismo das gerações passadas em atender necessidades práticas da humanidade.

A metodologia de ensino, bem como as estratégias devem ser preparadas para o coletivo. Assim, o educador deve empenhar-se para que sua estratégia seja interessante a todos, mas ao mesmo tempo, não deve esquecer-se das diferenças individuais dos alunos, adaptando sua metodologia as singularidades. O professor deve ser claro referente aos seus objetivos e sua expectativa em relação aos resultados esperados dos alunos, desenvolvendo seu ritmo exigindo o máximo dos alunos.
Outro ponto importante é a prevenção, o educador a partir do conhecimento de seus alunos, seu conhecimento de mundo e a empatia, deve prever a influência de particularidades desfavoráveis ao trabalho escolar, como por exemplo, colocar nas primeiras carteiras os alunos com necessidades especiais (como dificuldades na visão e audição), dirigir-se com mais frequência aos alunos distraídos, dar mais detalhes de uma tarefa a alunos déficit de aprendizagem e incentivar os alunos isolados a participar do coletivo.


Texto de Renan Bini

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