Apesar de ser
confundida com pichação, a grafitagem brasileira, sempre ligada ao
hip hop, é considerada um dos melhores do mundo
Antes da escrita,
antes da fala, lá na época da criação do fogo, a única maneira
que se achou de deixar a história para as próximas gerações foi
por meio da pintura nas paredes das cavernas. Hoje, mesmo com o
desenvolvimento da linguagem verbal a comunicação não verbal é
ainda muito forte. As pinturas em paredes na área urbana é uma
delas. A arte da grafitagem é uma forma de expressar sentimentos e
passar mensagens. No entanto, é sempre confundida e identificada
como pichação.
O ato de pichar se
define como: pintar, rabiscar ou apenas sujar o patrimônio (sendo
ele público ou privado). Essa atitude é tomada para marcação de
território desde 1994, quando gangues pichavam em muros e marcavam
até onde a outra gangue poderia ir. A atitude de pichar é
considerada crime desde 12 de fevereiro de 1998. Segundo a Legislação
Brasileira o crime acarreta detenção que pode ser de três meses a
um ano, além do pagamento de multa (lei nº 9605/98, Art. 65).
A pichação tem se
repetido entre os jovens (e não somente nas periferias). Nas
cidades, grandes ou pequenas, pode-se notar que em pontos mais
frequentados como prédios, praças e muros há marcas de pichadores.
O grafite teve seu
início na década de 60, em Nova York. A técnica consiste em
desenhos feitos em paredes, muros e prédios abandonados com tinta em
spray.
Essa forma de comunicação visual era usada como um protesto contra
a ordem social da década, dando início ao movimento, agora mundial,
da arte urbana. Hoje, vista como um estilo de vida.
No Brasil, o
movimento ganhou força em 1970, na cidade de São Paulo. Tanto a
cultura hip
hop
como o grafite nasceram em Nova York na década de 70, mais
especificadamente nas comunidades jamaicanas, latinas e
afro-americanas. Hoje o grafite é ensinado nas graduações de Artes
(bacharelado) na disciplina de Gravura, segundo o professor de Artes
Tiago Klin. Sempre ligado ao hip
hop,
o grafite brasileiro é considerado um dos melhores do mundo.
Eduardo Scorteganha
Filho, 20 anos, mais conhecido como Du2, conheceu a arte por meio “da
rua”. Enquanto andava de skate
e via desenhos nas paredes da cidade, ele acabou se interessando por
isso. Após um tempo o rapaz conheceu outro artista, o Felipe Neto,
que tinha mais experiência com a técnica e que lhe ensinou as
técnicas. Du2 diz que o grafite não é um simples desenho, mas sim
uma forma de expressar sua opinião e sentimentos. “É um estilo de
vida”, define.
Du2 é oficineiro de
grafite no Centro da Juventude Professor Jomar Vieira Rocha e conta
que para os seus alunos tenta não apenas ensinar as técnicas. “Essa
arte vai além. Tento passar para os iniciantes alguns valores de
vida”, explica o grafiteiro, que já chegou a ser algemado três
vezes por estar se expressando em muros da cidade. A primeira vez que
foi abordado, ele ainda era menor de idade e nas outras duas, foi
depois da maioridade. Ele diz que nas três vezes resolveu as
questões com conversa e acordo com as autoridades. “Nem todos
estão prontos para aceitar esse tipo de expressão”, diz o
artista.
A grafitagem é uma
cultura que abrange pessoas de variadas profissões e classes
sociais. Du2 diz que conhece tanto grafiteiros advogados, como
pessoas que moram nas piores favelas. Apesar de sofrer preconceito
perante a sociedade, esses pintores se respeitam e trocam
experiências. No entanto, Du2 diz que não enfrenta tanto
preconceito por ser professor. “As pessoas tem mais confiança em
mim porque digo que sou professor”.
Em Cascavel o Centro
da Juventude trabalha essa técnica como forma de tirar os jovens do
caminho da pichação. A Oficina de Grafite é uma das mais
procuradas, segundo a coordenadora do Centro, Rosangela Golveia. Ela
também explica que além das habilidades artísticas, os jovens, por
meio da história desse movimento, desenvolvem um senso crítico
social. “O grafite contribui para o aprendizado e vai além dos
desenhos. É a expressão clara da visão de mundo dos nossos jovens
e adultos. Tem o objetivo de instigar a arte num contexto crítico”.
Referência
Mundial
Otávio e Gustavo
Pandolfo são irmãos gêmeos nascidos em 1974 em São Paulo.
Formados em Desenho de Comunicação, começaram a grafitar em 1986 e
com o passar dos anos se tornaram referência mundial da arte. Os
grafiteiros são conhecidos mundialmente por “Os gêmeos”.
Curiosidades
Há alguns dias, em
visita ao Brasil, o cantor pop do momento, Justin Bieber, deixou sua
marca no Rio de Janeiro. O astro foi pego pichando muros e
tecnicamente teria que arcar com as consequências
Oficinas
Para participar das
oficinas oferecidas no Centro da Juventude Professor Jomar Vieira
Rocha o adolescente (de 12 a 18 anos) deve comparecer no contra turno
de aula na Secretaria do Centro, acompanhado de um responsável, de
segunda a sexta-feira, das 8h às 11h20 e das 13h às 16h20.
Gírias do
grafite
Writer:
escritor de grafite;
Bite: imitar o
estilo de outro grafiteiro;
Crew: é um conjunto
de grafiteiros que se reúnem para pintar ao mesmo tempo;
Tag: é assinatura
do grafiteiro;
Toy: é o grafiteiro
iniciante;
Spot: lugar onde é
praticada a arte do grafite.
As modalidades do
Grafite
Grafite 3D: desenhos
concebidos a partir de ideias visuais de profundidade, sem contornos.
Exige domínio técnico do grafiteiro na combinação de cores e
formas.
WildStyle: tem o
formato de letras distorcidas, em forma de setas, que quase cobrem o
desenho.
Bomber: são letras gordas e que parecem vivas. Geralmente feitas com duas ou três cores.
Bomber: são letras gordas e que parecem vivas. Geralmente feitas com duas ou três cores.
Letras
grafitadas: incorporação das técnicas do grafite à pichação. As
letras grafitadas representam a assinatura do grupo.
Grafite
artístico ou livre figuração. Nesse estilo vale tudo: caricaturas,
personagens de história em quadrinhos, figurações realistas e
também elementos abstratos.
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