NO AR: OS OPERÁRIOS DA PALAVRA

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

CRÔNICA: Levemente Alterada - Maximiliane Veiga



O dia começa cinza, nem tão escuro e nem tão claro. São vários tons de cinza, mas também não são 50. Olho para o lado e Christian Grey não está ali. Definitivamente, não são 50. Uma vontade indiscutível de ficar na cama. Não de dormir, por que o sono já acabou. Mas ficar ali, brisando, sem se preocupar com nada. Ouço barulhos estranhos lá fora. Não consigo, não tenho forças para me mover.


Os olhos custam abrir, há uma força maior que segura meu corpo na cama, parece até sobrenatural. Onde estão os irmãos Winchester para me salvar desse monstro? Tento me esticar e espantar essa coisa que insiste em me perseguir, mas isso quer minha companhia. Não quer me deixar ir.


 - Mas eu tenho que levantar e ir, digo eu, com firmeza.


Ela não me escuta e contínua a me segurar ali. Me dá um capote e me enrola na coberta, como se fosse um enroladinho de salsicha.Me faz virar para o lado e fechar os olhos. Eu reluto, digo não, não posso.
De repente um som vem ao meu auxílio. Paradise City começa a tocar, meu celular está tentando me salvar.  Foram os deuses das pobres jovens sem força, que o mandaram ao meu socorro? A partir de hoje vou chamá-lo de Coragem, o celular covarde. Covarde por que ele parou de tocar. Me abandonou.
Ele estava em baixo do meu travesseiro, estranho. Será a fada do dente que errou de casa? Ou fui eu que o coloquei despertar na noite passada? 
Noite passada? Mas que dia é hoje? Não não, não pode ser. Agora tudo faz sentido.  Jantar, vinho, vinho, vinho e vinho, show do Iron Maiden na Globo? Talvez. Mas do vinho eu lembro.
Dou um pulo e me recordo. O monstro que não me deixa ir, só pode ser o 7° pecado capital. Não há Winchesters que me salve. Quem sabe o anjo Castiel? Acho difícil, ele está em batalha no céu. Dou-me um tapa na cara. Ops, acordei.  Era a danada da preguiça! E se ela esta aqui, ah, as notícias não são boas.


Santo Deus, hoje é segunda-feira! – Eu detesto segundas-feiras.


Texto de Maximiliane Veiga

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