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terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Urso, a Águia, o Dragão e o Anão Diplomático - Renan Bini

Toda história tem dois lados. Versões diferenciadas. Ou até mais. Mas, quem está certo? A história é e sempre será contada pelos vencedores, assim, a versão oficial sempre será não a dos injustiçados e sim dos opressores.


Considerando a recente divisão mundial bipolar e suas influências ideológicas sobre o restante do globo, é perceptível e lamentável o exorbitante número de injustiças justificáveis cometidas por ambos os lados. Por que o país que deveria ser para sempre o país do futuro, de repente aparece como a 7ª economia mundial? Retifico. Questionamento absurdo. O correto a questionar é: PORQUE DEMORAMOS TANTO TEMPO PARA SER A 7° ECONOMIA? A julgar a posição diplomática do mentor, que certamente é o mais favorecido de todo o sistema, parece paradoxal considerar que ele mesmo prejudicou um pupilo.



Isso mesmo. A dinastia americana prejudicou fortemente o desenvolvimento do capitalismo no Brasil e ainda colocou em cheque nossa e milhares de pseudo-soberanias. Somos irrelevantes? Para o sistema funcionar adequadamente, o ápice da pirâmide precisa de uma base bem alicerçada. O que houve é apenas o reflexo da síncope: a filha é ameaçada a ser destronada pela primeira vez, não pela mãe, por um urso estranho.



O cenário muda. O Anão maniqueísta troca as cordinhas. O homem de quatro dedos e a mulher vermelha não se sentem confortáveis em obedecer a Águia. Mas não sabem viver sem mentores. Na verdade o Anão é um gigante, mas nesse mundo moderno, enfrentar patologias subjetivas é considerado normal, uma espécie de anorexia nervosa faz com que apenas o gigante se vê Anão. Melhor para os outros que mantém o cabresto, assim como os elefantes presos a cordinhas no circo.



Os vestígios da síncope ainda são latentes em nossa sociedade. Conflitos ideológicos e religiosos ainda incomodam. O dono do muro, antes visto como injustiçado e massacrado pelo antissemitismo, de repente desperta como um insano devorador de crianças. Justificável, afinal, o seu deus sabe o futuro, e aquelas crianças nem teriam salvação mesmo... Tudo é válido para uma causa maior. Só não mexam no seu dinheiro!



O urso manco começa a se recuperar, e mostra à Águia que ninguém conhece seu território melhor do que ele mesmo. À velha senhora, verdadeira mãe do Anão e da Águia, resta lamentar-se e aceitar o veredito final do Urso. E o Anão de repente descobre por um passarinho verde, ou seria um Dragão? Que não é tão pequeno como acreditava ser, e que para se enfurecer, bastam até 20 centavos.



Será mesmo que em um mundo tão discrepante, a homogeneização sistemática é admissível? Realidades diferentes. Culturas diferentes. As soberanias e suas singularidades devem ser respeitadas. Hibridismos são bem vindos. Cabresto não. Mas o cenário está prestes a mudar. Se o herdeiro terrestre nunca será capaz de vencer a herdeira aquática, talvez o grande Anfíbio de conta do recado.

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