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terça-feira, 19 de novembro de 2013

“Eles não me tiraram, fui eu que sai” - Maicon Santos


Depois de uma saída com motivos desconhecidos da TV Tarobá, “Parangolé” não possuía planos, mas foi imediatamente acolhido pela Rede Record.



Por Maicon Santos



Nery de Mello, mais conhe­cido como “Parangole”, tem 42 anos e nasceu no dia 2 de outubro de 1970 na cidade de Francisco Beltrão no sudoeste do Paraná. Desde pequeno sempre sonhou em ser radialista e ainda adolescente começou a atuar na área.

Estreou na profissão de radi­alista na Rádio Cristal de Marme­leiro – PR e passou por mais sete emissoras da região antes de entrar para a televisão na apresen­tação de programas policiais. Em 2004 veio para Cascavel trabalhar na TV Tarobá como apresentador e repórter policial, ficou até fe­vereiro de 2012 quando foi comu­nicado que o programa sofreria alterações Atualmente, é um dos apresentadores do programa Balanço Geral na Ric Tv Record ao meio dia.



Quando que você começou a trabalhar? Em Maio de 1986 eu tinha 16 anos e comecei a trabal­har com carteira assinada como Radialista Profissional Provisório por 3 anos.

Após este período tornei-me profissional. Antes de trabalhar efetivamente na rádio eu fiz um programa infantil aos domingos. Tinha duração de 45min e se chamava “A hora da criança. Eu me recordo que escrevia no papel o que ia falar. Depois ajudei um amigo em Santa Catarina, ele apresentava um programa aos sábados, a coisa começou a ficar séria a partir de maio de 1986.



Quando surgiu o apelido de Parangolé? O “Parangolé” surgiu quando eu e mais alguns amigos participávamos de um programa em uma rádio. O “Trincão”, “Kaká” e o “Pó de Arroz”, eram os personagens e o meu precisava de um nome, então um colega falou que eu ia me chamar “Pa­rangolé”, e ficou.



Qual o significado de “Paran­golé”? Segundo o dicionário, é lábia, conversa fiada, alguma coisa nesse sentido. “Parangolé” faz parte do folclore nordestino, só que cada região o “Parangolé” tem um sentido, mas só o apelido de acordo com o dicionário Au­rélio “parangolé” é definido como conversa fiada. Mas, na prática está longe do significado.



Qual a sua opinião em relação a não obrigatoriedade do diploma de Jornalismo? Exigindo ou não ninguém vai roubar o que você conquistou. Acho extremamente importante a obrigatoriedade do diploma porque é uma maneira da classe se fortalecer e buscar o seu reconhecimento. As portas praticamente se escancaram se você é portador desse documento porque você tem ali um com­provante do teu investimento. O diploma de Jornalismo, nada mais é que a chave para abrir a porta do mundo.



Alguém te inspirou para seguir a carreira de radialista? De radialista, eu não sei, o que eu sei é que sempre gostei de rádio. Meu pai ouvia muito rádio quando levantava de madrugada para trabalhar. Lembro que ele ligava o rádio nas emissoras de São Paulo, na época: Globo, Record, Capital e eu gostava porque chamava a atenção e mexia muito com o imaginário.



Por que você demorou em ter­minar os estudos? Na época era comum, os meninos adolescentes querer ir ganhar o mundo, realizar os sonhos longe dos pais. E eu fui me aventurar, fiquei um tempo longe da casa e dos meus pais. Eu era um autodidata, desenhava, falava, mas com pouco estudo. E chegou uma hora que eu precisei concluir parte dos estudos, foi onde surgiu a oportunidade de fazer o supletivo. Eu já era casado quando consegui terminar os estu­dos. Então, isso foi de certa forma prejudicial, consequentemente fiz o vestibular, passei muito bem colocado em uma faculdade particular de jornalismo em Pato Branco em seguida mudei para Cascavel e por motivos profissio­nais tive que trancar um período.



Qual a diferença em mudar do rádio para a televisão? O rádio facilita muito para as pes­soas que estão entrando para a televisão, evidentemente que você precisa fazer as suas adaptações. O rádio é feito de um jeito você usa apenas o recurso da aúdio, já a televisão você acrescenta mais uma diferença que é o visual, a imagem substitui mil palavras.



“É a primeira vez que estou fa­lando sobre esse assunto depois que eu sai da Tarobá”



Quando você ingressou na TV Tarobá? Em 2004 cheguei a Cascavel, fazia assessoria de imprensa para um deputado (Fernando Giacobo) quando terminou esse período entrei na TV Tarobá e permaneci por um tempo apresentando o programa Tarobá Shopping aos sábados, depois fui parar no Jornalismo até surgir a oportunidade de ir para Foz do Iguaçu e lá fiquei de 2006 até março de 2007 como repórter apresentador. No dia 5 de março do mesmo ano houve a estreia do programa Brasil Urgente regional sobre a minha responsabilidade estava a produção e apresentação, ofício que desenvolvi até o dia 20 de outubro de 2010 quando fui convidado pela direção da emis­sora para assumir a produção e apresentação do programa Tempo Quente. Estava no primeiro dia de férias com minha família em Fortaleza no Ceará, a comuni­cação veio por telefone que havia a necessidade do meu regresso e eu regressei.



O que aconteceu após a volta do seu sucessor? Ele voltou. Deixei lá muitos amigos uma boa história e nenhum processo, nada que possa desabonar minha conduta, deixei todo respeito, por conta disso as portas ficarama abertas. Tanto que em setembro de 2012 quando José Roberto Neto fale­ceu recebi vários convites para retornar, agradeci, porque vivo em momento da minha vida e estou inserido nos projetos da nova casa. Essa é a primeira vez que eu estou falando sobre esse assunto depois que sai da Tarobá.



Por que você saiu da Tv Tarobá? Fiquei até fevereiro de 2012 quando a direção tomou a iniciativa de reconduzir o antigo apresentador. Fiquei surpreso, pois, o ibope apontava o programa com liderança absoluta e quanto o faturamente era satisfatório. As pessoas gostavam, admiravam, a minha apresentação muitos deles vinham e me falavam.

Eu sempre vesti a camisa da TV Tarobá com dedicação e de­terminação, trabalhar alí foi a realização de um sonho. Sai de férias em fevereiro e por iniciativa própria não iria mais trabalhar na emis­sora. A direção tinha outro planos comigo, mas decidi que era hora de tomar novos rumos, foi ai que decidi sair.



Alguma vez você teve que falar algo que não queria? Nunca fui induzido a falar as coisas, sempre falei na medida em que achava que tinha que falar, nunca nin­guém me obrigou, eu fui pautado desde o princípio por responsa­bilidade. Não posso criar uma morte, eu posso relatar aquela morte o mais próximo possível do acontecimento. O jornalista não deve pensar com a boca e falar com a língua, tem que ter responsabilidade, falar pelos “cotovelos” pode causar proble­mas, as emissoras querem admin­istrar ganhos e não perdas.



Como você se vê nessa nova fase? Eu acho que televisão deixou de ser aquela coisa quad­radinha, “engomadinha”. A televisão precisa buscar mesmo que seja uma vírgula, ela necessita de criatividade. A Ric TV Record veio para a minha vida num momento muito especial, pois, eu sabia que não seria eterno na Tarobá. Quando a Ric soube que eu pedi pra sair da Tarobá surgiu um convite, conversamos, acerta­mos e estamos ai.



“O rio corre em direção ao mar e é pra lá que eu vou”



Pretende fazer outro livro? Ten­ho um esboço e já estou escreven­do o segundo livro que tem como título: “Nascido para triunfar - a história de um vencedor”, não terminei ainda de escrever devido algumas mudanças do projeto, mas, a previsão para concluí-lo é em breve.



As reportagens policiais te afetavam sentimentalmente e psicologicamente? Ninguém de sã conciência vai ficar feliz vendo uma mãe lamentar as perda de um filho ou de noticiar a morte de três ou quatro pessoas da mesma família em um acidente, pessoa enforcado, tiro na cabeça, o que você imaginar de tipo de morte eu já vi. Quando eu trabalhei em Foz do Iguaçu houve um ano próximo de 300 assassinatos, ja cheguei a expressar o meu senti­mento de dor ao noticiar a morte de uma criança, isso me comoveu e esse tipo de assunto continua a comover. Tudo isso abala psico­logicamente qualquer ser humano e eu não sou diferente.



Quais são os planos futuros? Eu estou me sentindo muito bem, tenho saido para a rua produzir reportagens que é uma coisa que gosto de fazer. Acho interessante estar inserido externamente nos acontecimentos. Pretendo contin­uar crescendo no grupo que estou inserido.



O humor ajuda na profissão de jornalista? Ajuda, porque a pessoa que é humorista imagino que viva um pouco mais, não que profissionalmente se leve a coisa na brincadeira, mas é o meu jeito de ser faço isso de forma natural, não ganhei dinheiro contando piada e causos. Convidaram-me para fazer uma apresentação aqui em Cascavel, fiz um “stand up” também fiz uma apresentação em Foz do Iguaçu e estive na Band em São Paulo no programa “Sabadaço” dia 30 de agosto de 2003, com isso tudo eu só ganhei experiência.

O rio corre em direção ao mar e é pra lá que eu vou, você sabe por que o mar é desse tamanho? É porque ele se sujeitou a ficar abaixo dos rios mesmo com essa grandiosidade.



O que te motivou a escrever o livro “Repórter Policial Paran­golé – nos bastidores da polí­cia”? Foram tantas coisas que se passaram durante esse tempo que houve à necessidade de fazer uma coletânea dos principais fatos porque trabalhar na televisão sabia que uma hora haveria á necessidade de deixar esse acon­tecimento registrados, foi aí que surgiu o lance de escrever o livro. Em julho de 1999 foi lançado o livro “Repórter Policial Paran­golé – nos bastidores da policia” contando alguns fatos sobre homicídio, suicídio, “cornisse”, sequestro, por incrível que pareça eu tinha todos os assuntos que pu­dessem formar o enredo literário. Esse livro trouxe o desejo de ter um próximo.



Texto de Maicon Roselio

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