NO AR: OS OPERÁRIOS DA PALAVRA

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

IndigNação - Maximiliane Veiga

Sobre os Protestos na Avenida Paulista - SP





O cheiro é de confusão. A noite paulista, sempre agitada pelo vai e vem de automóveis e seu trânsito infernal hoje dá lugar a outro tipo de agitação. De pernas, de braços, de suor, de gritos que ecoavam pela avenida. Vozes que buscavam ser ouvidas. Pessoas que usavam as faixas, os cartazes e a garganta como armas, a fim de reivindicar seus direitos como cidadãos. Mas defronte a esses meros manifestantes se encontravam de prontidão, um ao lado do outro, criando um cordão de isolamento, os policiais militares. Aqueles que têm o dever de proteger a população, dessa vez estavam agindo contra ela, alegando manter a ordem pública. Os homens fardados, munidos de cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha esperavam em fila algum tipo de ordem.



As palavras “Sem violência” eram espalhadas aos quatro ventos pelos manifestantes, a força com que eram ditas demonstrava o tamanho da indignação dos protestantes. Mas somente essas palavras não foram suficientes. Uma professora também soltou a voz e começou a dizer aquilo tudo que sentia, E notava-se, pela voz firme e doída, o tamanho da indignação que trazia no peito. A polícia posta com suas armas, o povo de frente com sua voz. Ao estilo guerra medieval. Como se todos estivessem prontos para atacar.



De repente, a polícia toma a iniciativa, e como se fosse uma coreografia, todos fazem o mesmo gesto. Levantam o cassetete e parte para cima dos manifestantes. A euforia é geral, pessoas correndo, gritando palavras de ordem e sendo atingidas pelo gás que saia das bombas. Ao ser abordada a professora que gritava por seus direitos pediu para que o policial tirasse o capacete, em vão. Foi levada, presa com as mãos para o alto, sem saber o motivo e sem saber por quem.



A indignação era geral, principalmente após este fato. Os protestos continuaram, os gritos e o abuso dos policiais também. A noite para esses manifestantes estava só começando... 


Texto de Maximiliane Veiga
 

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