NO AR: OS OPERÁRIOS DA PALAVRA

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Para + vida! - Renan Bini

Projeto da APAC, o “Para + vida” beneficia 64 alunos especiais promovendo a inclusão social através do esporte


_ Entra! – Disse a jovem professora.

_O professor Edson Graef está?

Outra voz responde, um homem:

_ Pode ser que ele atrase um pouco, chegou essa madrugada, ele estava em uma competição de futsal em São Paulo com alguns alunos.

O clima é acolhedor, todos os alunos me cumprimentaram, e a mesma professora que me convidara a entrar, enquanto desenvolve seu treinamento na academia, oferece sua mesa para que eu espere pelo presidente da APAC (Associação dos Paratletas de Cascavel).

_ O que você precisa? Voltou a falar novamente o homem.

_ Quero fazer uma reportagem sobre o paradesporto em Cascavel e a APAC.

_ Bom, você pode ir conversando comigo então. – O homem era Victor Emanuel Ambrozino, fundador da APAC.

 _ Hoje o Edson é o presidente da Associação, mas eu fui o treinador dele! Um dia vindo dar treinamento, eu o encontrei fazendo musculação na academia com muletas, aí eu perguntei a ele “o que foi que aconteceu?” e ele me disse que foi um acidente de trabalho, e por ser grande e forte eu disse ao Edson “Você pode fazer arremesso, só não pode correr!”

Para que o atleta pudesse participar de competições para deficientes, a Associação foi criada e filiada ao Comitê Paraolimpico. Hoje, Edson Graef Borges é tri-campeão brasileiro de Paratletismo nas modalidades: Disco e Peso (2008, 2009 e 2010) e tem atualmente o recorde pan-americano de peso.

_ Bom dia!

_ Olá Edson! Conhece esse moço? – diz Victor.

_ Não!

_ Ele disse que te ligou!

_ Sim, sim, você é da Univel né?

_ Sou – respondi – Vim aqui conhecer o trabalho de vocês.

Apesar de todos os seus títulos, e a credibilidade em um projeto chefiado por um atleta com tantas premiações, é perceptível a falta de investimento no “Paratletismo”. O projeto é desenvolvido no Centro esportivo de Cascavel Ciro Nardi, sendo aplicado nas diversas áreas do local em diversas modalidades esportivas, e alunos com diferentes necessidades especiais.

_ Não há falta de investimentos, e sim em direcionamento das verbas. Falta regionalizar mais os investimentos e tornar o processo menos burocrático – diz Graef.

_ Por que burocrático?

_ Os alunos precisam ter a deficiência comprovada, para que nós possamos receber o investimento e eles o bolsa atleta, mas para que haja a comprovação, são necessários diversos exames físicos e psicológicos, e como nosso projeto beneficia muito o desenvolvimento deles, alguns tem a deficiência reduzida e perdem o benefício.

O esporte aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e mais: Ele promove a oportunidade de interação entre pessoas com e sem deficiências, tornando-as mais independentes no dia-a-dia, aumentando o otimismo e a segurança para alcançarem seus objetivos.

Isso parece pouco, mas só quem apresenta alguma limitação sabe o quanto é doloroso se sentir incapaz de coisas simples.

_ Essa semana, um aluno nosso fez um gol, ele nunca havia feito um gol em sua vida, foi emocionante! Ele dizia: “Obrigado Deus! Eu fiz um gol! Jesus me ajudou”!

Segundo Graef, a espiritualidade é muito importante, bem como a convivência com outras pessoas que também possuem redução na mobilidade ou em seus processos cognitivos.

_ Sabe, só quem também é assim, entende como eles se sentem, quando eu comecei a perder a mobilidade da minha perna eu me senti muito mal! O médico me recomendou praticar exercícios físicos, e depois no Paratletismo eu encontrei uma forma de me sentir melhor!

É preciso saber viver...
Desde o ano de 2005, a APAC oferece a muitos a promoção da saúde e a inclusão social através do esporte, o qual também contribuiu para o alcance de resultados expressivos no Paratletismo, como medalhas de ouro, campeões brasileiros e quebra de recordes. Hoje a APAC atende 64 alunos, sem distinções a nenhum tipo de deficiência, apresentando convênios com a APAE e a rede estadual de Ensino.
O Paratletismo vem mudando a realidade de muitos deficientes. Além de ajuda-los a superar suas limitações, tanto o deficiente quanto a sociedade passam a ter uma nova visão: Eles deixam de ser coitadinhos e incapazes para se tornarem Atletas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário