Projeto da APAC, o “Para + vida” beneficia 64 alunos especiais promovendo a inclusão social através do esporte
_ Entra! – Disse a jovem
professora.
_O professor Edson Graef
está?
Outra voz responde, um
homem:
_ Pode ser que ele atrase um
pouco, chegou essa madrugada, ele estava em uma competição de futsal em São
Paulo com alguns alunos.
O clima é acolhedor, todos
os alunos me cumprimentaram, e a mesma professora que me convidara a entrar,
enquanto desenvolve seu treinamento na academia, oferece sua mesa para que eu
espere pelo presidente da APAC (Associação dos Paratletas de Cascavel).
_ O que você precisa? Voltou
a falar novamente o homem.
_ Quero fazer uma reportagem
sobre o paradesporto em Cascavel e a APAC.
_ Bom, você pode ir
conversando comigo então. – O homem era Victor Emanuel Ambrozino, fundador da
APAC.
_ Hoje o Edson é o presidente da Associação,
mas eu fui o treinador dele! Um dia vindo dar treinamento, eu o encontrei
fazendo musculação na academia com muletas, aí eu perguntei a ele “o que foi
que aconteceu?” e ele me disse que foi um acidente de trabalho, e por ser grande
e forte eu disse ao Edson “Você pode fazer arremesso, só não pode correr!”
Para que o atleta pudesse
participar de competições para deficientes, a Associação foi criada e filiada
ao Comitê Paraolimpico. Hoje, Edson Graef Borges é tri-campeão brasileiro de
Paratletismo nas modalidades: Disco e Peso (2008, 2009 e 2010) e tem atualmente
o recorde pan-americano de peso.
_ Bom dia!
_ Olá Edson! Conhece esse
moço? – diz Victor.
_ Não!
_ Ele disse que te ligou!
_ Sim, sim, você é da Univel
né?
_ Sou – respondi – Vim aqui
conhecer o trabalho de vocês.
Apesar de todos os seus
títulos, e a credibilidade em um projeto chefiado por um atleta com tantas
premiações, é perceptível a falta de investimento no “Paratletismo”. O projeto
é desenvolvido no Centro esportivo de Cascavel Ciro Nardi, sendo aplicado nas
diversas áreas do local em diversas modalidades esportivas, e alunos com
diferentes necessidades especiais.
_ Não há falta de
investimentos, e sim em direcionamento das verbas. Falta regionalizar mais os
investimentos e tornar o processo menos burocrático – diz Graef.
_ Por que burocrático?
_ Os alunos precisam ter a
deficiência comprovada, para que nós possamos receber o investimento e eles o
bolsa atleta, mas para que haja a comprovação, são necessários diversos exames
físicos e psicológicos, e como nosso projeto beneficia muito o desenvolvimento
deles, alguns tem a deficiência reduzida e perdem o benefício.
O esporte aprimora a força,
a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e mais: Ele promove a
oportunidade de interação entre pessoas com e sem deficiências, tornando-as
mais independentes no dia-a-dia, aumentando o otimismo e a segurança para
alcançarem seus objetivos.
Isso parece pouco, mas só
quem apresenta alguma limitação sabe o quanto é doloroso se sentir incapaz de
coisas simples.
_ Essa semana, um aluno
nosso fez um gol, ele nunca havia feito um gol em sua vida, foi emocionante!
Ele dizia: “Obrigado Deus! Eu fiz um gol! Jesus me ajudou”!
Segundo Graef, a
espiritualidade é muito importante, bem como a convivência com outras pessoas
que também possuem redução na mobilidade ou em seus processos cognitivos.
_ Sabe, só quem também é
assim, entende como eles se sentem, quando eu comecei a perder a mobilidade da
minha perna eu me senti muito mal! O médico me recomendou praticar exercícios
físicos, e depois no Paratletismo eu encontrei uma forma de me sentir melhor!
É
preciso saber viver...
Desde o ano de 2005, a APAC
oferece a muitos a promoção da saúde e a inclusão social através do esporte, o
qual também contribuiu para o alcance de resultados expressivos no
Paratletismo, como medalhas de ouro, campeões brasileiros e quebra de recordes.
Hoje a APAC atende 64 alunos, sem distinções a nenhum tipo de deficiência,
apresentando convênios com a APAE e a rede estadual de Ensino.
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