Eles
não se contentam em ser somente fãs, é preciso tomar forma e se
tornar os ídolos no mundo real
Projeto Outra Pauta - Jornal Gazeta do Paraná
Posters,
camisetas, bandanas, CDs, DVDs e todas essas coisas de fãs não são
suficientes para eles. É preciso ter na pele, vestir, sentir, se
tornar o personagem que admiram. Fazer cosplay
não é fácil, mas quando se trata de amor pelos ídolos ou animes
vale tudo para se sentir dentro do mundo deles. Mas se você achou
essa palavra um pouco estranha, lá vai a definição: Cosplays
são pessoas que se fantasiam como seus ídolos preferidos, sejam
eles existentes ou não. A grande maioria dos cosplays
são
de animes japoneses, mas também há quem faça com personagens de
séries, jogos, filmes e quadrinhos.
Ela
já perdeu as contas de quantas vezes pintou o cabelo, pois já faz
isso desde os cinco anos de idade. Rosto de boneca, voz delicada,
roupas diferentes, estilo próprio. A cascavelense Marília Esposte,
é mais uma jovem vidrada em cosplay
e desde os13 anos se veste como animes japoneses. A primeira
personagem de Marília foi Sekai, do desenho School
Days,
em um evento que aconteceu em comemoração aos 100 anos da imigração
japonesa, no shopping JL.
“Sempre
gostei muito de animes, e sempre quis parecer um, então quando vi a
oportunidade de fazer um cosplay,
não pensei duas vezes. É como se você fugisse da realidade e
entrasse em um mundo de faz de conta”, ressalta a jovem fã do
desenho Full
Metal Alchemist.
Marília também possui uma conta no YouTube
onde posta vídeos com comentários e dicas sobre os animes que
assiste. “Certo dia assisti um anime muito polêmico (Black
Rock Shooter)
e decidi postar uma resenha sobre ele, e isso foi tão divertido que
no ano seguinte comecei a investir nos vídeos e o canal começou a
dar certo”, conta Marília, ou “Maahgia”, sobre o canal que já
tem 161
inscritos e 18.373
visualizações.
Mas
para ficar parecida com os desenhos também é preciso desembolsar.
Marília conta que para não gastar muito buscou outra opção.
“Quando comecei a investir nos cosplays
entrei num curso de corte e costura para poder confeccionar minhas
próprias roupas e assim economizar com costureira. Também nunca
investi muito em perucas, prefiro usar o meu próprio cabelo e os
acessórios sempre dou um jeitinho de fazer”, conta a jovem que
gasta em média, 60 reais por cosplay.
“Mas já cheguei a gastar uns 300,00”, confessa.
Laila
Muller, de 21 anos, mora em Cascavel e assim como Marília, tem o
cabelo colorido. Ela é fã do desenho Chobits
e também já gastou por volta de 300 reais com roupas de animes.
“Antes de fazer cosplay
eu
nunca tinha visto ninguém fazendo, a não ser pela internet”,
conta Laila que já se vestiu de Konan, do Anime Naruto, Strength, do
Black
Rock Shooter,
Juvia, do desenho Fairy
Tail,
e Koneko Toujou, do Anime High
School DxD.
Quem
curte anime, também curte encontros de animes e para quem pensa que
convenções só são realizadas em grandes cidades, se engana. Em
Cascavel, o Harucon acontece anualmente e reúne os cosplays
de toda a região. Neste evento, as pessoas aproveitam para
“encarnar” seus personagens favoritos, debater sobre séries e
animes, além de trocar ideias sobre jogos. “O Harucon tem como
objetivo difundir a cultura Oriental e reúne uma série de atrações,
como Batalha Campal, sala de K-Pop, entre outros”, conta Laila.
“Participo
sempre que possível, já participei do Harucon, com o grupo
Genshiken, por quatro anos, três como espectadora e um ano como
organizadora. Já participei também do Anigion em Cascavel, do
AnimeRio, no Rio de Janeiro e do Anime Citty Tattoo, também no Rio”,
explica Marília, que conheceu o namorado em um desses encontros.
“Eventos de anime são super legais, você sempre conhece gente
nova, encontra aquele personagem que mudou sua infância. É
divertido sair do mundo real por um dia, vale muito a pena conhecer.
No
Harucon os “animes reais” também disputam quem tem a melhor
fantasia ou a mais parecida com os personagens e concorrem a prêmios.
“Quando fiz meus primeiros cosplays
meu objetivo era apenas a diversão, aí começaram a surgir os
concursos, então usava um cosplay
nos eventos para me divertir, e um segundo para a competição. Eu já
ganhei vários prêmios e meu último concurso me rendeu um Nintendo
Wii”, Marília conta orgulhosa.
A
paixão dos seres “reais” pelos animes vai além da pele, está
no coração. “Acho que o mundo já é muito cheio de coisas ruins,
e é bom de vez em quando escapar da realidade. Os animes me ajudam
nisso, a sonhar com um mundo encantado”, ressalta Marília. “Os
animes nos ensinam lições de vida”, completa Laila.
BOX:
Apesar
de parecer que foi criado no Japão, o Cosplay teve início nos
Estados Unidos. Em 1939, na primeira edição do World
Science Fiction Convention,
um concurso de ficção científica, Forrest
J. Ackerman,
e sua amiga Myrtle R. Douglas compareceram ao evento fantasiados. Ele
usava um traje de piloto espacial, o qual chamou de "futuricostume",
e Myrtle estava caracterizada com um vestido inspirado no filme
"Things
to Come".
Esse foi o pontapé inicial do Costuming
– futuro Cosplay - na América. Em 1984, Nobuyuki Takahashi
visitou a Worldcon
e ficou tão impressionado que publicou sobre isso em revistas
japonesas de ficção científica. Criou um novo termo para definir o
que havia presenciado: Cosplay.
Alguns anos depois já foram criadas convenções japonesas, com
dezenas de fãs fantasiados de personagens de animes e mangás, o que
virou uma febre no Japão e fez surgir diversas lojas especializadas
no hobby, criando a indústria Cosplay.
A
diferença:
No Japão o cosplay caracteriza-se como um personagem que já existe,
mesmo que a origem não seja de anime ou mangá, já nos Estados
Unidos os cosplayers criam suas próprias fantasias e competem em
convenções de fãs. Eles aceitam e incentivam fantasias originais.
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Texto de Maximiliane Veiga |
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